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Negociação de blocos de ações em balcão atrai empresas

Rita Azevedo

8 de set. de 2022

Companhias preparam plataformas para atuar sob nova regra

A negociação de grandes lotes de ações entrará em nova fase em breve, com uma mudança nas regras da Comissão deValores Mobiliários (CVM) que vai permitir a compra e a venda desses blocos em segmentos específicos, tanto em bolsa quanto em mercado de balcão organizado. A novidade tem movimentado empresas do setor financeiro que buscam se adaptar às mudanças.


A B3 começou a acompanhar o tema há quase três anos, quando o regulador abriu uma audiência pública sobre o tema.Desde então, desenvolveu três ferramentas para esse tipo de negociação. Os produtos estão prontos, mas devem ainda passar pela avaliação da CVM, segundo Marcos Skisty mas, superintendente de produtos da bolsa.


Além das ferramentas para a negociação dos blocos de papéis (“blocktrade”, no jargão do mercado), os clientes poderão realizar pedidos de cotação para compra ou venda de ativos sem que, para isso, tenham que especificar quanto pretendem negociar. “É o cliente que vai definir o nível de transparência para a ordem”, afirma.


A possibilidade de não divulgar informações na pré-negociação foi tratada pela CVM na nova regulamentação, conforme o superintendente da B3. A ideia é que, com a maior discrição sobre a intenção do investidor, a dinâmica de negociação e a formação de preços não sejam afetados. “Depois de a ordem ser executada, é dada toda a transparência e o mercado inteiro vai saber o que aconteceu”, diz.


As regras começarão a valer assim que a autarquia definir o tamanho mínimo de um grande lote. A CVM ouviu diversos agentes do mercado e a expectativa é que ela divulgue ainda neste ano a decisão. A ideia é que as ações sejam divididas em várias faixas de liquidez e que o tamanho do que é considerado um lote mude conforme essas faixas.

Além da B3, outra empresa que pretende crescer com as mudanças na negociação dos blocos de ação é a fintech SLTools. A companhia - que mantém uma plataforma para a negociação de aluguel de ações - busca atualmente a autorização da CVM para a criação de um mercado de balcão organizado no qual serão negociados blocos de papéis. A expectativa é que o resultado saia em até dois meses.

Enquanto isso, a SL Tools estuda o lançamento de ferramentas para a negociação dos lotes de ações, segundo André Duvivier, sócio da empresa. “Estamos pensando em mais de um produto para atender a demanda que o mercado deve apresentar.”


Para o BTG Pactual, a regulamentação deve ter efeitos positivos. Há pouco mais de dois meses, o banco lançou uma plataforma, chamada de BLOX, na qual investidores institucionais podem buscar interessados para compra ou venda de ações em blocos. Com a possibilidade de novos ambientes de negociação, sejam dentro ou fora da bolsa, o serviço poderá atrair um número maior de clientes.

“Estamos muito animados com essa evolução do mercado”,afirma Luís Furtado, sócio do BTG Pactual. “Com essa nova resolução, a CVM vai promover uma novidade no mercado brasileiro que já é vista em outros. É um avanço que vai permitir que outros administradores de mercado se habilitem aprestar esse serviço e também que a própria B3 apresente novos produtos. O importante é a BLOX se adaptar a essas novas ferramentas.”


A CVM se comprometeu a publicar anualmente a lista das ações que podem ser negociadas em blocos e os lotes mínimos. “O objetivo foi garantir a adoção de todas as cautelas e cuidados necessários para evitar efeitos indesejados sobre a liquidez e sobre o processo de formação de preço no livro central de ofertas”, diz Francisco Santos, superintendente de relações com o mercado e intermediários da CVM em nota.


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