Adriana Cotias
20 de jan. de 2022
Empresa trouxe André Franco, conhecido na análise de criptoativos, para estruturar área em meio ao interesse crescente de investidores institucionais e indivíduos de
alto patrimônio pelo tema
Empresa trouxe André Franco, conhecido na análise de criptoativos, para estruturar
área em meio ao interesse crescente de investidores institucionais e indivíduos de
alto patrimônio pelo tema
O Mercado Bitcoin trouxe André Franco, nome que ficou conhecido na análise de
criptoativos na Empiricus, para estruturar sua área de pesquisa proprietária. O
projeto conversa com o interesse crescente de investidores institucionais e de
indivíduos de alto patrimônio pelo tema, após um ano de forte crescimento. A
plataforma movimentou R$ 40,3 bilhões em 2021, multiplicando em quase sete
vezes o volume do ano anterior.
Formado em engenharia mecatrônica e robótica pela Universidade de São Paulo
(USP), Franco é um reforço para suportar novos serviços e a listagem de tokens
exclusivos da plataforma. Com uma equipe de cinco pessoas, vai alimentar a mesa
de clientes e o público institucional, diz Roberto Dagnoni, CEO da 2TM, dona do
Mercado Bitcoin. “Ter uma área de ‘research’ é importante na construção da nossa
jornada. Ele é um especialista e esse não é o tipo de mão de obra de muita
disposição no mercado.”
Emblemático da demanda crescente pelos ativos digitais foi Luis Stuhlberger, do
tradicional multimercado Verde, citar na carta anual que as alocações de cripto
estiveram entre as que trouxeram ganhos para o fundo num 2021 de cota negativa.
Outro termômetro foi o ETF (fundo de índice) de criptomoedas da gestora Hashdex
ter ultrapassado o do Ibovespa (BOVA11), símbolo do mercado tradicional, em
número de investidores na bolsa, com 130 mil cotistas.
A B3 anunciou planos para lançamentos ligados ao mundo cripto em 2022 e 2023,
promovendo possivelmente um mercado futuro de moedas digitais e infraestrutura
para as exchanges. Não vai ficar fora desse jogo. Vale lembrar que alguns nomes da
2TM passaram pela B3, como o próprio Dagnoni e o presidente do Mercado Bitcoin,
Reinaldo Rabelo.
O Mercado Bitcoin alcançou 3,3 milhões de clientes, marca que a B3 levou anos para
atingir em número de CPFs em renda variável. Dagnoni evita falar da concorrência
potencial da bolsa, mas diz que a penetração na América Latina no segmento é
baixa, ele vai crescer muito e haverá novos competidores. Como são mercados
interoperáveis, há a possibilidade de arbitragem doméstica e internacional.
“Estamos bem posicionados após ser a primeira companhia do setor a receber uma
rodada de captação série B.”
No ano passado, o Mercado Bitcoin entrou para o clube dos “unicórnios” - de
companhias ligadas ao universo de tecnologia com avaliação superior a US$ 1 bilhão
-, após levantar US$ 250 milhões do fundo de América Latina do Softbank. O aporte
foi feito em duas tranches, em julho e em dezembro.
Foi liquidez suficiente para a 2TM encaixar as peças do quebra-cabeça no universo
cripto e avançar no exterior, tendo o México e o Chile como primeiros alvos. A
recente compra de fatia majoritária da Criptoloja, plataforma de ativos digitais em
Lisboa, a primeira exchange a receber licença para operar pelo Banco de Portugal, o
BC do país, faz parte da estratégia de expansão internacional.
A 2TM tem enfileirado uma série de aquisições para montar sua infraestrutura para
o mercado de criptoativos, além de ter criado um braço de venture capital para
investimentos em iniciativas de inovação, sem objetivo, contudo, de comprar
controle. Dagnoni diz que essas duas frentes permitem identificar potenciais novas
listagens na plataforma e também ter uma visão de mercados regulados.
Foi o caso da entrada no capital da SLTools, fintech que começou a atuar no aluguel
de ações e depois evoluiu para um ambiente de negociação de títulos de renda fixa,
com plano de digitalizar tudo. A 2TM liderou também investimento na Central de
Recebíveis (Cerc) para viabilizar a emissão de tokens com a registradora de ativos.
Com mais de 100 ativos listados, os planos para o Mercado Bitcoin em 2022 incluem
dar sequência à criação de tokens exclusivos (hoje são 20) como os ligados ao
universo do futebol, das artes (NFT) ou dos games. “Tem uma geração que pensa em
comprar arte digital antes de comprar numa galeria”, diz Dagnoni.
A atividade de análise complementa a de gestão de patrimônio, fruto da compra da
ParMais, e também da Bitrust, que atua na custódia em ambiente blockchain,
separando a plataforma transacional da guarda dos ativos. “Nos Estados Unidos, o
mercado institucional já decolou, há volumes muito relevantes, há mais de 30
empresas listadas com alocação formal em cripto, e o desafio [no Brasil] era a
custódia”, diz o executivo.
O ano de 2022 deve ser de amadurecimento e expansão do mercado de ativos
digitais, e o Brasil, embora um pouco mais atrasado, não deve ficar fora dessa onda,
diz Franco. Ele cita que o ciclo de investimentos de US$ 20 bilhões feitos pelos
fundos de VC no ano passado em infraestrutura ou plataformas de contratos
inteligentes do top 20 do setor já justifica multiplicar em algumas vezes o valor de
mercado dessas iniciativas.
Capitalizado, o Mercado Bitcoin não prevê novas rodadas neste ano, afirma Dagnoni.
Os planos para estrear em bolsa também ficam para depois. “A gente vê IPO mais
como um meio de captação quando chegar a hora. Vamos seguir fazendo o nosso
trabalho, criando um mercado na América Latina”, diz Dagnoni.
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